Com certeza você também já deve ter sentido dor no tornozelo em algum momento da sua vida. Afinal, essa sensação dolorosa é muito comum e pode afetar pessoas de qualquer idade. Isso porque as suas causas são muito distintas, o que faz variar a sua gravidade e intensidade.
Essa articulação é muito importante para manter a sustentação do corpo e a estabilidade ao caminhar. Por isso, ainda que a dor no tornozelo seja leve, é importante descobrir as suas causas e tratá-la adequadamente. O intuito é evitar que um pequeno problema de hoje se torne uma grande complicação amanhã.
O tornozelo é a articulação que faz a ligação das pernas e dos pés. Ele é uma estrutura estável composta por três ossos com ligamentos e tendões que mantêm a sua estabilidade. Sua função é receber e distribuir para os pés toda a carga de peso que vem do corpo.
Por causa disso, essa articulação está muito propensa a sofrer sobrecarga e estresse. Essas condições se manifestam em forma de dores, incômodos e até mesmo lesões. Isso torna mais grave quando o indivíduo apresenta uma doença ou problema que deixa os tornozelos mais fracos e sensíveis.
A dor que se manifesta nessa região pode não ser nada muito grave, como também indicar uma condição que exige mais atenção.
Algumas das suas causas são:
O tipo de pisada de cada pessoa é determinado pelas características anatômicas de cada um. Isso envolve o tipo de pé, joelho, ângulo formado pelo quadril, a flexibilidade de articulações e equilíbrio dos músculos. Por isso é muito importante visitar um ortopedista para compreender a sua pisada e os impactos dela em sua rotina. Na ortopedia, o pé é classificado de três maneiras: Pé plantígrado; Pé Plano e Pé Cavo.
Pé Plantígrado: o peso do corpo é distribuído de forma mais equilibrada.
Pé Plano: popularmente conhecido como pé chato, toca o chão quase que por inteiro e possui um formato reto.
Pé Cavo: possui um arco longitudinal medial bem acentuado e curvado, com isso, a planta do pé quase não toca o chão.
Já as pisadas são classificadas de três formas: pisada neutra; pisada pronada e pisada supinada.
Pisada Neutra: quem tem pisada neutra possui menos restrições no momento de escolher um calçado. Essa pisada começa com a parte externa do calcanhar e o pé roda ligeiramente para dentro.
Pisada Pronada: quando a parte de fora do calcanhar toca no chão, o pé inicia uma rotação excessiva para dentro fazendo o pé “cair” um pouco mais para dentro que o normal, ao andar ou correr. Cerca de 50% da população tem essa pisada. Os tênis com controle de estabilidade leve são indicados para quem tem essa pisada.
Pisada Supinada: para se impulsionar o pé toca o chão com a parte externa do calcanhar até o quinto dedo, popularmente conhecido como “dedinho”. Esse pé é um pouco mais rígido durante a acomodação no solo no ato de pisar. Para quem tem essa pisada são indicados calçados com reforço no amortecimento. A pisada supinada é muito comum em pessoas com o pé cavo.
Para descobrir o tipo de pisada é importante realizar uma consulta com um ortopedista, especialista em pé e tornozelo, principalmente se você iniciou uma atividade física recentemente e começou a apresentar algum sintoma nos pés.
Popularmente chamada de torção no tornozelo, a entorse é uma lesão ligamentar muito comum, que acontece quando ocorre uma movimentação anormal da articulação dessa região, o famoso “dobrar o pé”. Essa posição inadequada força os diversos ligamentos que ajudam a dar estabilidade para a articulação.
A entorse varia em gravidade, sendo classificada em três graus diferentes de acordo com o dano causado nos ligamentos. São eles:
• entorse de grau 1: ocorrem microlesões nos tecidos;
• entorse de grau 2: acontece uma ruptura parcial do ligamento;
• entorse de grau 3: essa ruptura é total, rompendo o tecido.
Em todos os casos é essencial fazer a reabilitação da articulação para evitar a sua instabilidade no futuro.
Algumas doenças e inflamações também acometem essa articulação promovendo dor no tornozelo. Entre elas podemos citar aquelas mais comuns que são:
Tendinite:
A tendinite é a inflamação dos tendões. No caso do tornozelo, ela pode ocorrer afetando diversos tendões, mas o mais comum é o tendão calcâneo, conhecido como tendão de Aquiles.
Geralmente afeta pessoas mais jovens, praticantes de atividade física de impacto, como corrida e saltos, por exemplo.
Para a tendinite, o tratamento envolve medicação analgésica, anti-inflamatória, bem como exercícios de fortalecimento da região, aliado à Fisioterapia.
Se o tratamento conservador não surtir efeito, a cirurgia pode ser necessária.
Gota:
A gota é uma doença causada pelo excesso de ácido úrico no organismo. Quando há excesso de ácido úrico no organismo de alguns pacientes, essa substância pode se depositar sob a forma de cristais no tornozelo.
Com isso, o paciente sente muita dor, os pés tendem a ficar inchados e há dificuldade de movimentação.
Para tratamento, é necessário reduzir a concentração de ácido úrico no sangue, através de medicações específicas.
Artrite:
inflamação que afeta uma ou mais articulações do corpo provocando sensações dolorosas e rigidez, tende a piorar conforme a idade avança;
Artrose:
Problema degenerativo que afeta os tecidos flexíveis localizados nas extremidades dos ossos. Ele se desgasta, os ossos ficam mais grossos e atritam entre si;
Artrite reumatoide:
Inflamação sistêmica das articulações que provoca o desgaste delas causando dores que se manifestam, principalmente, de manhã ou após um longo período de repouso;
bursite:
Inflamação que afeta as bursas, que são bolsas de líquido que protegem as articulações do corpo.
Quando a dor no tornozelo tem origem inflamatória, ou essa articulação sofreu um trauma como uma entorse, ela pode ser aliviada com uma compressa fria. A baixa temperatura ajuda a desacelerar o processo inflamatório e reduz o inchaço.
Manter o tornozelo elevado também é uma ótima medida paliativa para minimizar inchaços e hematomas provocados por lesões. Lembrando que em todos os casos é importante reduzir a carga de atividades para que o tornozelo se recupere.
O uso de sprays para contusão ajuda quando o problema está nos músculos e outros tecidos flexíveis. No caso de optar por eles, é importante seguir as instruções de uso para alcançar os benefícios esperados.
Quando a dor não cessa, é intensa demais, não é possível movimentar o tornozelo ou apoiar o pé no chão, é fundamental procurar um médico. Isso porque a lesão pode ser mais grave e exigir intervenções complexas.
O tratamento para dor no tornozelo varia de acordo com aquilo que está causando esse sintoma. No caso das manifestações agudas, o uso de tornozeleiras ortopédicas pode ser suficiente para permitir a recuperação da articulação.
Quando alguma doença se manifesta, no caso de inflamações, o uso de medicamentos pode ser recomendado. E para aquelas classificadas como crônicas, é necessário tanto uso de remédios quanto o acompanhamento com um profissional.
Para situações mais complexas como as malformações e fraturas, as cirurgias são uma opção. Porém, isso é avaliado de acordo com cada paciente e observando se não é possível adotar terapias não invasivas.
Sessões de fisioterapia e o uso de calçados ortopédicos também são formas de tratar a dor no tornozelo. Ao mesmo tempo, costuma ser indicado o uso tornozeleiras que atendam a necessidade da pessoa.
Esses equipamentos ajudam a realizar uma compressão na articulação, ao mesmo tempo em que a mantém aquecida. Eles oferecem estabilidade para essa estrutura e sua musculatura prevenindo as lesões e ajudando na recuperação quando há um problema estabelecido.
São assim popularmente chamados os episódios de dor, geralmente crônicas no calcanhar, sendo atribuído sua causa a uma espicula óssea no calcâneo, que aparece ocasionalmente na radiografia.
Na verdade, a correta denominação é Talagia, mais frequentemente causada por uma inflamação em uma membrana na planta do pé, a fáscia plantar. Portanto adequadamente denominada de Fasceíte Plantar.
As dores são frequentemente piores no primeiro passo, ao se levantar da cama pela manhã ou após algum tempo assentado.
As talalgias são mais comuns em mulheres acima dos 40-50 anos, geralmente sedentárias e com sobrepeso. Ocorre também em jovens, homens e mulheres na prática intensa de esportes de impacto.
Outras tantas causas existem e a correta avaliação do especialista irá determinar o tratamento, que geralmente é conservador, através de orientações de calçado, alongamentos, medicação e termoterapia. Raramente o tratamento cirúrgico é necessário.
A deformidade no hálux (dedão do pé) conhecida como joanete, pode progredir e doer. Tem como correta denominação o termo Halux Valgo. Sendo muito frequentes em certas famílias, acomete mais mulheres do que os homens e pode ser congênita, ou seja, a pessoa já nasce com ela. Além disso, doenças reumáticas, neurológicas, anatomia óssea anormal dos pés, fragilidade de ligamentos e tendões, pé chato, entre outras também podem causar a doença.
É uma deformidade que provoca um desvio medial do primeiro metatarso e um desvio lateral do hálux. Dessa maneira, é gerada uma proeminência óssea na articulação desse dedo, fazendo com que ele crie uma projeção interna, “apontando” para o dedo ao lado.
Os joanetes podem ser leves, moderados ou graves. O tratamento corretivo do hálux valgo quando doloroso e/ou progressivo é cirúrgico, com resultados bastantes satisfatórios com as técnicas mais adequadas utilizadas rotineiramente.
O tratamento não cirúrgico é paliativo, sendo utilizado em casos menores e não dolorosos. A determinação de quais casos devem ser tratados de forma cirúrgica ou não, requer uma visita ao ortopedista especializado em cirurgia de pé e tornozelo.
Os casos de dor aguda ou crônica na parte anterior da planta do pé, onde se localizam as cabeças dos metatarsos e dedos são chamados de metatarsalgias. A dor pode ser acompanhada de deformidades e calosidade nos dedos e planta dos pés. Geralmente são consequências da predisposição anatômica, uso de calçados inadequados e pode estar associada ao joanete (halux valgo).
Existem varias causas para o problema, como os calçados inadequados e variações anatômicas dos ossos dos pés, cursando com desequilíbrio e sobrecarga no antepé, sendo esta a causa predominante. Outras causas possíveis são as neuropatias compressivas, como o neuroma de Morton, as fraturas por estresse, as artrites, artroses e o encurtamento anormal dos músculos da panturrilha (batata da perna).
Em todos os casos a avaliação adequada pelo especialista determina o tipo de tratamento a ser feito, utilizando uma serie de soluções como palmilhas, calçados, órteses e até mesmo a cirurgia corretiva em alguns pacientes.
A alteração observada pela ausência da curvatura plantar normal nos pés é denominada pé chato ou pé plano. É mais frequente em crianças e geralmente observadas entre 2 e 6 anos de idade. Nesses casos, a enorme maioria dos pés chatos não trazem preocupação, pois se tratam de deformidades provisórias da infância, sem sintomas e com correção espontânea.
Raramente as causas são outras, sejam de origem estrutural, por formação inadequada dos ossos e articulações dos pés ou decorrente da excessiva flexibilidade dos ligamentos e articulações que ocorrem em algumas famílias e são transmitidas geneticamente.
O uso de calçados corretivos (bota) foi abolido por ser ineficaz no tratamento. As palmilhas podem ser usadas em crianças maiores, com queixa de dor, para conforto. A avaliação adequada pelo especialista pode tranquilizar a família.
Fraturas por estresse são pequenas fissuras em um osso, devido a força de um impacto recorrente sobre ele. O problema é mais comum nos ossos que sustentam o nosso peso, ou seja, os ossos da perna e do pé.
As fraturas por estresse podem ser por fadiga (quando se coloca muita carga sobre o osso em questão) ou por insuficiência (quando o osso acometido possui alguma doença que leva a qualquer grau de fragilidade).
A maior causa de fratura por stress é o abuso de atividades físicas, onde um atleta aumenta a carga rapidamente afim de atingir algum objetivo específico – por exemplo, uma pessoa aumenta seu nível de corrida de 5 km 2 vezes por semana, para 10 km 4 vezes por semana. Por isso é fundamental ter atenção na frequência das atividades físicas e também realizar o aumento da carga gradativamente.
Entretanto, pessoas que tem ossos enfraquecidos por alguma condição, como é o caso da osteoporose, podem ter fratura por estresse durante atividades corriqueiras.
Normalmente esse tipo de fratura causa dor que piora com atividade física ou na palpação e melhora com repouso. Também pode gerar edema após esforço. A avaliação clínica minuciosa e a realização de exames complementares podem contribuir na identificação da causa e facilitar a decisão do tratamento ideal.
A Diabetes não é uma novidade para nossa sociedade.
Muito se fala sobre a Diabetes e de como ela pode afetar a visão, o coração, os rins e nervos, caso não seja bem controlada. Também já é de conhecimento público que os diabéticos devem evitar comer alimentos com muito açúcar. Entretanto, um dos pontos mais críticos e que muitos diabéticos descuidam são seus pés. Com isso, eles acabam desenvolvendo o que chamamos de Pé Diabético. Estima-se que 20% dos diabéticos tenham a patologia. O Pé Diabético pode se manifestar em qualquer paciente diabético.
Sintomas
A doença normalmente começa a partir da perda da sensibilidade protetora, que leva os pacientes a não notarem as agressões aos pés. Dessa maneira, essa alteração de sensibilidade dificulta a percepção de feridas e consequentemente o tratamento e a cicatrização. Assim, frequentemente os pés podem adquirir infecções, que se não identificadas, irão acometer tecidos profundos, como os ossos, necessitando de cirurgias e ate mesmo amputações.
Importância do Cuidado com os pés
Muitos diabéticos não compreendem a seriedade da doença e outros possuem grande dificuldade de acesso ao cuidado adequado. Assim o Pé Diabético evolui e em muitos casos a única solução é a amputação. Cuidados básicos, que alguns pacientes consideram “bobos”, como secar bem os pés após o banho, usar meias de algodão e de preferencia brancas, sapatos confortáveis, não usar calçados de bico fino, além de evitar andar descalço e não usar produtos com álcool são bons hábitos que os diabéticos devem adotar para evitar a doença. Essas atitudes são relevantes e fazem muita diferença no cuidado diário e na prevenção de feridas.
Tratamentos
O tratamento do Pé Diabético exigem um alinhamento e um envolvimento de uma equipe multidisciplinar: são ortopedistas, clínicos, enfermeiras, cirurgiões vasculares, infectologistas, endocrinologistas, cirurgiões plásticos, que juntos irão cuidar das feridas, controlar a glicose no sangue e ajudar o paciente na rotina de cuidados com seus pés e de sua saúde. No caso de pacientes com pés infectados e que precisam de cuidados com úlceras, essa equipe dará todo o suporte. Já na linha da prevenção, quando detectado que a sensibilidade protetora foi perdida e que existem problemas de circulação, é realizado acompanhamento e indicado que medidas protetoras sejam tomadas, no intuito de evitar as complicações.