Escovar os dentes, tomar banho, pentear os cabelos, vestir-se, trabalhar... Você só é capaz de praticar todas essas ações cotidianas graças à articulação mais flexível do corpo humano, a dos ombros. E quando a dor se instala nessa região, ela acaba atrapalhando o seu dia de várias maneiras e o que mais se deseja é uma solução rápida e eficaz, o que nem sempre é possível.
A dor no ombro é bastante comum, o incômodo é geralmente mais presente em pessoas de 45 a 65 anos. E o grupo mais afetado é o das mulheres. A razão para isso ainda gera discussões entre os cientistas, mas supõe-se que haja relação com fatores hormonais, já que a mulher possui mais estrogênio, hormônio ligado à maior sensibilidade e dor.
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A dor pode aparecer de repente, quando é chamada de aguda ou pode durar um tempo, tornando-se crônica. Na maioria das vezes, a sensação dolorosa é localizada, mas algumas pessoas sentirão que o incômodo irradia para o cotovelo. Outras relatam ter uma dor que se estende para as regiões escapular (parte de trás das costas) ou cervical (no pescoço).
Nesses casos, nem sempre o problema é do ombro. Há indivíduos que relatam limitação nos movimentos ou instabilidade, como se o ombro fosse sair do lugar. A dor pode ser sentida não só durante as atividades físicas, mas também na hora do repouso.
Articulares: são as relacionadas à articulação do ombro. A mais comum é a lesão do manguito rotador, que corresponde a 6 em cada 10 visitas a um especialista, especialmente entre os pacientes com mais de 50 anos. Para estes, a dor, em geral, decorre de alterações degenerativas. Quando isso acontece, a pessoa também apresentará perda de força, além de piora noturna ao dormir sobre o braço.
Periarticulares ou dores referidas: o mal-estar não provém do ombro, mas nele é sentido. Por exemplo: o paciente tem um problema na região cervical (pescoço), artrite e até hérnia de disco, mas a sensação dolorosa é no ombro; pode ser uma lesão temporomandibular (ATM), uma dor visceral (do coração) e mesmo metabólica, como nas deficiências hormonais.
Distúrbios ergonômicos ou ocupacionais: decorrem do movimento repetitivo ou má postura. É o caso de cabelereiros, pessoas que trabalham carregando cargas ou ficam muito tempo sentados.
Problemas mecânicos: instabilidade decorrente de movimentação articular excessiva (excessos nas academias).
Inflamações: processos inflamatórios na bursa (parte do ombro que facilita a ação dos tendões), ou nos próprios tendões. Esses quadros podem levar à Síndrome de impacto, consequência de uma modificação anatômica na parte superior do ombro (região do osso acrômio).
Quando a dor no ombro persiste por mais de dez dias, mesmo após o uso de analgésicos comuns, procure um profissional. Um ortopedista, um reumatologista, um fisiatra (médico focado em reabilitação) ou um especialista em dor podem avaliá-lo.
Os médicos advertem que, nesses casos, é melhor não esperar muito tempo para obter a opinião de um profissional. Isso porque o sintoma pode se agravar, tornando-se crônico. O tempo para que isso se concretize é de três meses.
A demora para procurar intervenção médica, para metade dos pacientes tratados, faz com que a dor comece a melhor depois de 6 meses. Estes são os dados da Associação Internacional para o Estudo da dor. Portanto, quanto mais cedo você procurar ajuda, mais chances tem de se livrar da dor rapidamente.
Os especialistas são unânimes em afirmar que o exame clínico detalhado é a chave para descobrir a causa da sua dor. Assim, o médico deve usar todos os meios disponíveis para identificar o que está acontecendo com o seu ombro. Esteja pronto para responder perguntas sobre como a dor aparece, quando ela piora ou melhora, e quais são as suas características.
Depois dessa conversa, ele deve examiná-lo fisicamente para observar as condições da região. Como a dor nos ombros pode ter causas variadas, o especialista também deverá avaliar seu estado geral de saúde. Para completar o exame clínico, podem ser solicitados exames de imagens específicos, como radiografia e a ultrassonografia, que mostrará as condições dos seus tendões.
Caso esses testes não sejam suficientes, a ressonância magnética trará uma visão mais ampla e detalhada de tendões, cartilagens e ossos. Já a tomografia computadorizada revelará eventuais lesões ósseas. Especialistas em dor poderão valer-se até da termografia digital, um exame que identifica o local exato da dor a partir da emissão de calor.
Com todas essas informações em mãos, o médico pode definir seu diagnóstico com precisão.
Quando a dor é consequência de traumas, como uma ação feita de forma mais brusca durante a prática esportiva ou no trabalho, a solução é mais rápida. Ficar mais atento aos movimentos, usar bolsas de gelo, bem como analgésicos e anti-inflamatórios comuns são os procedimentos mais comuns. Em casos mais graves, pode ser usado o corticoide, um anti-inflamatório mais potente.
A duração da terapia será de médio a longo prazo nos casos de dor crônica. A melhor abordagem, nessas situações, é a multidisciplinar. A reabilitação geralmente engloba acupuntura ou fisioterapia, que engloba: terapia por ondas de choque, fotobiomodulação (laser), bem como o uso de novas tecnologias, como radiofrequência direcionada, campo eletromagnético, entre outras. A maioria dessas práticas são acessíveis para grande parte das pessoas, seja por meio de convênios médicos ou pelo SUS (Sistema
Único de Saúde).
A depender da intensidade da dor e de uma eventual resposta negativa a essas práticas, o uso de analgésicos mais potentes será necessário. E os remédios serão administrados por meio de infiltrações. De modo geral, essas são as possibilidades terapêuticas disponíveis, o que não exclui uma intervenção cirúrgica.
Aliás, este tratamento poderá até ser a primeira opção em determinadas situações, como no caso da lesão traumática de manguito rotador, que não pode ser adiada sob pena de agravamento do quadro. A melhor forma de prevenir-se de cirurgias desnecessárias é procurando profissionais capacitados para a sua avaliação. E muitas vezes ouvindo mais de uma opinião.
• Procure ajuda médica o mais rápido possível. A medida evita que a dor se torne crônica;
• Adote uma dieta equilibrada. Excessos ao comer ou beber mantêm o corpo em constante processo inflamatório;
• Atente-se à postura no trabalho e ao usar o celular;
• Evite ficar sentado por horas seguidas, sem pausas;
• Faça exercícios regulares e sob orientação técnica, independentemente da sua idade;
• Informe seu treinador sobre os seus limites físicos. Ele deve indicar treinos de alongamento e reforço da musculatura interna do ombro;
•Fuja de práticas físicas extenuantes; prefira os que permitem movimentos mais lentos.